Projeto de Criação e Melhoramento Genético de Raças Caninas.
O cão, no decorrer de sua história, não somente foi o melhor amigo do homem, mas também compartilhou tarefas no desenvolvimento e no progresso de nossa civilização. Os estudos a respeito da estrutura social das tribos humanas primitivas e do comportamento das alcateias de lobo bem atestam a aproximação destes dois grupos de caçadores, os homens e os lobos, os quais se assemelham em várias características, seja em busca da mesma presa e do mesmo território, seja fazendo uso de técnicas parecidas, com modelos de socialização análogos. Todos estes elementos contribuíram para a aproximação entre homens e lobos.
A atração foi, assim, mútua: ser humano e lobo se observando enquanto caçavam juntos. O homem deixava seus restos de comida ao lobo, que, por sua vez, beneficiava-se da proteção do fogo nos acampamentos humanos. Sem dúvida, ambos colaboraram na defesa de um mesmo território de caça, onde a aproximação de qualquer invasor era anunciada pelo uivo do lobo.
A adoção pelo homem dos filhotes recém-nascidos de lobo iniciou o processo de fidelização deste animal. Daí em diante, nada mais foi empecilho para que os lobos se reproduzissem em acampamentos humanos e fixassem as transformações resultantes deste convívio em seu modo de vida.
A multiplicação das raças de cães é um fenômeno nitidamente posterior à domesticação destes animais. Nos primórdios da humanidade, o cão prestou ajuda fundamental no trabalho cotidiano do homem, tendo individualmente desenvolvido diversas características para atender aos objetivos de seus donos, não só na caça, mas na guarda de rebanhos, na segurança de propriedades, na proteção contra predadores e até mesmo como soldado nas guerras, adequando-se a diferentes ambientes e enfrentando adversidades compatíveis com o seu objetivo funcional. Sua dedicação incondicional, carinho, predisposição ao trabalho, fidelidade e amizade construíram o elo mais forte de que se tem registro entre o homem e uma espécie animal.
Durante séculos, os homens promoveram cruzamentos entre diversos tipos de cães a fim de buscar aperfeiçoamentos de características que pudessem gerar avanços no desempenho destes animais. Desta forma, a morfologia, a estatura, a pelagem, o comportamento e o temperamento dos cães serviram de motivação para uma gama de transformações, resultando em diferentes raças caninas. Com o passar dos anos, tais modificações transformaram o cão no animal que apresenta o maior grau de polimorfismo entre todas as espécies animais.
Suas funções primitivas, fundamentais no passado, foram se tornando secundárias na vida produtiva do homem das sociedades contemporâneas, e assim os cães passaram a majoritariamente desempenhar a função de animais de companhia, o que, consequentemente, levou à extinção de inúmeras raças.
O cão é como um confidente sem qualquer tipo de julgamento e com total capacidade de compreensão dos humores do seu dono, mantendo com este uma relação psicológica muito estreita. Um cão de companhia também pode contribuir para a reconstrução de laços sociais em ambientes desestruturados e nos reconectar à natureza. Graças ao seu cão, um dono pode redescobrir o gosto pela vida, o senso de responsabilidade e o sentimento de utilidade.
Em nosso trabalho de seleção, temos como objetivo o melhoramento genético, acentuando e trazendo de volta todas as características positivas originais de cada raça, as quais foram suprimidas, ao longo dos anos, por métodos de reprodução e manejo inadequados.
Neste desafio, buscamos a melhor qualidade genética disponível hoje nos países de origem de nossos cães, importando animais de linhagens superiores e, assim, garantindo a base de nosso trabalho de seleção e de melhoramento genético. Neste processo seletivo, contamos com a ajuda de um geneticista e avaliamos o desempenho das famílias de nossos cães nas pistas. Estamos igualmente investindo no emprego das mais avançadas tecnologias de reprodução animal e em avaliações técnicas dos caracteres genéticos de nossos animais para atingirmos o nosso objetivo.