Collie

 

Não se sabe ao certo a origem do nome da raça Collie. Há quem creia que ele derive da palavra inglesa collar, aludindo a uma “guirlanda” ou a um “colar” de pelos brancos ao redor do pescoço. No entanto, o nome provavelmente é em referência às ovelhas colley, de cor predominantemente negra, já que este tipo de cão, no passado, além de pastorear tais ovelhas, também apresentava a predominância desta cor, em contraste com algumas partes brancas e, às vezes, avermelhadas de sua pelagem.

 

A raça é considerada muito antiga. Acredita-se que seu aparecimento tenha ocorrido por volta do século V a.C., embora esta tese careça de confirmação. Mesmo assim, é hoje difícil imaginarmos um exemplar daquela época que mantivesse certa semelhança com os Collies atuais. Para tanto, basta examinarmos gravuras com exemplares de apenas cem anos atrás para percebermos que os Collies do passado eram sensivelmente diferentes dos atuais. Por isto, torna-se bastante difícil a tarefa de identificar com precisão se estes cães são ancestrais do Border Collie, do Bearded Collie ou do Rough Collie, já que, no passado, eles não apresentavam a definição morfológica que exibem hoje.

 

Da mesma forma, ainda que seja uma raça canina muito importante, sobre a qual se dispõe de ampla bibliografia, não há informações exatas sobre a ascendência do Collie, sem qualquer referência clara a seus antecessores nem à idade da raça. Todas as suposições sobre o seu desenvolvimento não só carecem de provas que as embasem, como também não apresentam indícios seguros em relação à sua origem. Contudo, uma coisa é certa: a seleção desenvolvida visou tão somente ao trabalho, ao instinto e à capacidade de pastoreio da raça. Foi, aliás, a partir da segunda metade do século XIX, quando surgiram as exposições caninas, que estes aspectos passaram a ser realçados. 

 

Devemos considerar, entretanto, que, com toda certeza, havia um tipo físico dominante no conjunto de variedades da raça, e este tipo, mais apto ao trabalho, muito provavelmente, foi sendo desenvolvido, em paralelo à seleção da outras características físicas, ainda que de modo bastante fortuito.

 

Há, por conseguinte, falta de critérios para a classificação e a identificação dos verdadeiros antecessores do Collie. Sua paternidade é atribuída ao Gordon Setter – com o objetivo de enriquecer o tan da raça – ao Terra-nova ou ao Scottish Terrier. No caso do Setter Irlandês, consistiu em uma tentativa malfeita de se afirmar o tipo marta. Já com o Borzoi, buscou-se aumentar o comprimento da cabeça. Também não faltam teorias que imponham ao Collie algum parentesco distante com o Deerhound. Levando-se em conta as semelhanças estruturais existentes entre a cabeça do Collie e a do Greyhound, não se pode descartar a possibilidade de haver ligações sanguíneas entre eles.

 

O processo de seleção, que resultou nos exemplares hoje admirados em exposições em todo o mundo, só foi iniciado a partir do século XVI, apesar de os resultados mais efetivos serem bem mais recentes. A principal alteração que se observa entre os exemplares de alguns séculos atrás e os do Collie atual é uma maior abundância de pelos, que dá ao Collie de nossos dias uma aparência de extraordinária exuberância. Algum criadores vêm se debruçando sobre estudos do temperamento da raça com o objetivo de fazê-la recuperar as aptidões de cão pastor, aumentando a sua coragem e o seu equilíbrio, o que tem contribuído de maneira bem significativa para a sua seleção atual, iniciada na Grã-Bretanha e acompanhada de perto por quase todo o continente europeu, onde, durante a década de 80,  encontravam-se exemplares com as mesmas qualidades do cão nativo.

 

A história do Collie como cão de exposição é quase tão antiga quanto a história das próprias mostras caninas. A primeira delas foi realizada em Newcastle, na Inglaterra, em junho de 1859, e atinha-se a Setters e a Pointers. A segunda, organizada nesse mesmo ano em Birmingham, também na Inglaterra, especializava-se em cães de caça. Contudo, em dezembro de 1860, realizou-se em Birmingham uma única exposição anual, que foi aberta a todas as raças. Pela primeira vez, então, houve a classificação de "cães pastores".

 

O nome Collie foi “lançado” durante a “Primeira Grande Exposição Anual para Cães de Caça e Outros Câes", realizada em Cremorne, Chelsea, em março de 1863. No entanto, em maio desse mesmo ano, em Islington, distrito de Londres, a raça voltou a ser classificada como "Pastor Escocês".